segunda-feira, 23 de maio de 2011

Água na antiguidade..

Notadamente é sabido que a humanidade passou em toda sua história por duas grandes revoluções - agrícola e industrial, a água esteve presente nas duas; paradoxalmente ocasionando evolução por um lado e por outro, conflitos, doenças e morte. O termo revolução é usado devido à mudança radical que teve lugar nos hábitos e costumes dos humanos nos últimos três milhões de anos. Imaginem pequenos grupos de pessoas vivendo numa caverna, depois noutra, ou ao relento, enquanto se moviam atrás dos animais que caçavam ou dos vegetais que coletavam; nenhum tempo para pensar em algo mais do que comida; vivendo exatamente como animais. A grande novidade foi fazer a água trabalhar pelo homem; e aprender a controlar os rios implicava também em controlar homens. A aprendizagem do trabalho coletivo para o bem comum na agricultura, foi o germe da civilização (urbanização) humana.
O Homo sapiens surgiu há aproximadamente 50 mil anos atrás, durante o último período de glaciação, que o motivou a habitar as zonas mais quentes da Terra na época, que eram a bacia hidrográfica dos rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, os vales do rio Indu na Índia, o rio Amarelo na China e o Lago Biwa no Japão.
Desde que começaram a interagir com o mundo ao seu redor, os seres humanos desenvolveram uma sofisticada percepção e um profundo respeito pela natureza, que diferentemente de hoje mais os afetava que era afetada por eles. Todos precisavam saber quais frutos comer, onde encontrar água durante a seca, como evitar onças, que árvores serviam para construção, para um bom fogo ou bom remédio. O conhecimento ambiental; passado de geração a geração até os dias de hoje; sempre foi necessário para a proteção contra os ataques da natureza e para o aproveitamento das suas riquezas.
No decorrer dos séculos muito se trabalhou sobre a água como coeficiente de higiene e conforto, como sendo produto das relações estabelecidas entre a sociedade e o meio ambiente circundante. E a tendência humana de transformar o meio natural em meio geográfico, isto é, em meio moldado pela intervenção do homem, com o tempo sempre deixou o espaço geográfico impregnado de história. Por isso, para compreender determinada realidade espacial, interpretaremos a seguir alguns trechos da história social mundial aliada à da sociedade local.
Até cerca de 10 mil anos atrás, o homem vivia em pequenos bandos e dependia da caça e da coleta de alimentos para sobreviver; a falta de alimento sempre foi fator limitante de seu desenvolvimento social; chegavam a se matar para consegui-lo. Foi graças ao manejo da água realizado pela civilização Suméria na Mesopotâmia, que a humanidade pôde ter excedentes de alimentos e pela primeira vez, se reunir para planejar e executar obras hidráulicas.
Há registros de poços escavados em 8 mil a.C. na Mesopotâmia, os Sumérios desviaram o curso dos rios, plantaram em suas várzeas e construíram barragens com canais de drenagem e sistemas de distribuição de água para irrigação agrícola.
A medida que conseguiu domesticar diversas plantas e animais, criando pastagens, rebanhos e lavouras, o homem criou excedentes de alimentos, libertou-se da vida nômade e passou a viver em aldeias. Por volta de 4 mil a. C na Mesopotâmia, fundaram a primeira cidade da humanidade, inventaram a escrita, desenvolveram as leis, a arquitetura e criaram intensa atividade política. Desde os primórdios das civilizações, a posse da água sempre representou instrumento político de poder.
Nessa época a administração geral das águas era tarefa maior das autoridades públicas e questão militar em todas as principais cidades, mas nunca teve solução. Com o passar do tempo, instalou-se um quadro de conflitos pela administração da água e as cidades-estado (Ur, Uruk, Lagash e Umma) guerreavam entre si; de modo que, próximo a 2.500 a.C. por não haver unificação política na gestão ambiental da bacia hidrográfica, foram invadidos e dominados por povos guerreiros.
Azevedo Netto (1959) destaca que, surgiram no mundo diversas obras relacionadas ao saneamento. Na Babilônia já existiam sistemas de coleta de esgotos nas cidades; na India por volta de 3.750 a.C. foram construídas galerias de esgotos em Nippur e em 3.200 a.C. obras para o abastecimento e drenagem de água no Vale do Indo.
No Japão a história do relacionamento do homem com o Lago Biwa, na Província de Shiga, é apresentada através de exposições de ruínas encontradas no fundo do lago, meios de transporte lacustre utilizados, meios de pesca e uso e controle da água que remontam até a 20 mil anos atrás.
Conforme Azevedo Netto (1984), documentos em sânscrito datados de 2.000 a.C. aconselhavam o acondicionamento da água em vasos de cobre, à sua exposição ao sol e filtragem através do carvão, ou ainda, pela imersão de barra de ferro aquecida, bem como o uso de areia e cascalho para filtração da água. Por volta de 1500 a.C., os egípcios já utilizavam a prática da decantação para purificação da água.
Especialistas no assunto descrevem que no decorrer da história várias civilizações entraram em decadência em função de desequilíbrios ambientais. Supõem-se que a civilização acadiana se extinguiu devido à seca do Tigre e do Eufrates. Estudos revelam que épocas de anarquia e banditismo; com rupturas na sucessão política e substituição de faraós; coincidem com os períodos de seca e as longas vazantes do Nilo.
Na América os Maias, os Astecas e os Incas provavelmente teriam abandonado suas cidades, pela contaminação e poluição da água e do solo provocados pela destruição da mata primitiva.
Quase sempre a primeira preocupação dos assentamentos humanos era se localizar nas proximidades dos mananciais d'água; entretanto na medida em que povoados transformavam-se em cidades, também as reservas d'água tornavam-se, insuficientes e expostas à contaminação e poluição.
Os primeiros filósofos gregos freqüentemente chamados de “filósofos da natureza”, diziam que “Filosofia é o fruto da capacidade humana de se admirar com as coisas”, porque se interessavam pela natureza e pelos processos naturais. Queriam saber como a água podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida, podia se transformar em árvores frondosas ou em flores multicoloridas.
Desde Homero (700 a.C.), na tentativa de descobrir leis que fossem eternas, filósofos deram os primeiros passos na direção de uma forma científica de pensar; eram capazes de elaborar conceitos e idéias abstratas, partindo apenas da observação de fenômenos naturais, como tempestades, inundações, etc; sem ter que para isso recorrer aos mitos.
Thales de Mileto (625 - 548 a.C.). supostamente com os conhecimentos adquiridos junto aos egípcios, descobriu que a Terra era redonda e que a água fosse a origem de todas as coisas; observando como os campos inundados ficavam fecundos, depois que as águas do Nilo retornavam ao seu delta.
Por volta de 460 a.C., supõe-se que a ciência médica grega tenha sido fundada, por Hipócrates - pai da medicina - que apesar de não conhecer o mundo dos seres microscópicos “recomendava ferver e filtrar a água de beber”; sua teoria dizia que o caminho para a saúde do homem está na moderação e num modo de vida saudável - “mente sã em corpo são”.
Precisamente nesta época, Sócrates (470 - 399 a.C.) andava pelas ruas e praças conversando com os atenienses, espaço onde foi lançada a pedra fundamental de toda a civilização européia e formulados palavras e conceitos como: “polÍtica, democracia, economia, história, biologia, fÍsica, matemática, lógica, teologia, filosofia, ética, psicologia, teoria, método, idéia e sistema”. Foi Sócrates que relacionou a deficiência de iodo na água com o (bócio) aumento da tireóide (hiper-tireoidismo).
Platão (426-348 a.C.) manteve contato e foi discípulo de Sócrates; muito mais que um educador, elaborou sistema filosófico e um método de investigação na Academia; que não era aberta para todos; mas, para aquele que pelas qualificações da alma, detinha as condições de obtenção do conhecimento. Assim como Sócrates, Platão acreditava na reencarnação, na imortalidade da alma e afirmava que: "O ouro tem muito valor e pouca utilidade, comparado à água, que é a coisa mais útil do mundo e não lhes dão valor".
Água na História
O primeiro grande biólogo da Europa Aristóteles (384 - 322 a.C.), já conhecia "bactérias gigantes" que formavam densas massas enoveladas visíveis a olho nu; hoje classificadas como sphaerotilus. Dizia “Das coisas, a mais nobre, a mais justa e melhor é a Saúde”. Aristóteles resumiu tudo que os filósofos naturais haviam dito antes e criou o Liceu, escola que fundou e ordenou as ciências básicas da cultura européia.
Na antiga Grécia desde o século VI a.C. já havia tecnologia para captação e distribuição de água a longas distâncias. Um túnel construído em Samos, que aplicava o princípio dos vasos comunicantes e pressurização dos encanamentos para condução da água; foi considerado por Heródoto como ‘maior’ obra de engenharia da Grécia, até então. Importantes sistemas hidráulicos pressurizados foram construídos e descobertos em Pérgamo e em Emuros (180 a 160 a.C.).
Em Atenas nessa época, já existiam caixas d'água localizadas nas partes mais altas da cidade, afastamento dos esgotos e descargas em vasos sanitários.
Nenhuma civilização se compara à romana no que se refere às obras hidráulicas e saneamento. No século IV a.C. Roma já contava com 856 banhos públicos e 14 termas que consumiam aproximadamente 750 milhões de litros de água por dia, distribuídos por uma rede com mais de 400 km de extensão, conforme Liebmann (1979). Em 312 a.C., Appius Crassus construiu o primeiro aqueduto romano, o Via Appia com 16,5 km de extensão; a partir daí, os aquedutos foram disseminados por todo Império e construídos também na Alemanha, Itália, França, Espanha, Grécia, Ásia Menor e África do Norte.
Além de desenvolveram dispositivos especiais de ortoga para disciplinar os usos da água; os romanos também criaram hidrômetros para medição do consumo de água, cujo controle, era feito por administradores públicos que promoviam já nessa época o uso racional da água e praticas de reuso, ao utilizarem água dos banhos públicos nas descargas das latrinas.
A ‘cloaca máxima’ disse Azevedo Netto (1959), com 4,3 metros de diâmetro escavados na rocha assemelhava-se ao atual coletor tronco de esgotos. Entretanto, toda essa infra-estrutura de saneamento básico não foi suficiente para conter a degradação da água e do meio ambiente; apenas escondia a imundice (esgotos e lixo) das pessoas antes de despeja-los nos cursos d'água da vizinhança. Também o sepultamento dos cadáveres consistia apenas em lançá-los em fossas a céu aberto em redor da cidade.
Finalmente, Roma tornou-se uma metrópole mal cheirosa, assolada por peste, e, no dizer de um historiador, "registrou um nível tão baixo de higiene pública que outras comunidades mais primitivas nunca desceram até ele."
Duzentos anos antes do nascimento de Jesus Cristo (ano zero) vários profetas já haviam anunciado a vinda do “Messias” ou “Filho de Deus” para fundar o “Reino de Deus”. Nesta época isto tinha um significado muito político, imaginavam Jesus como um líder político, militar e religioso igual ao rei Davi.
Mas contrariamente, o mestre destranca as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros. Dirige-se aos homens simples de coração, curvados para a gleba do sofrimento e ergue-lhes a cabeça trêmula para o Céu. Aproxima-se de quantos desconhecem a sublimidade dos próprios destinos e assopra-lhes a verdade, vazada em amor, para que o sol da esperança lhes renasça no ser. Abraça os deserdados e fala-lhes da providência infinita. Reúne, em torno de sua glória que a humildade escondia, os velhos e os doentes, os cansados e os tristes, os pobres e os oprimidos, as mães sofredoras e as crianças abandonadas e entrega-lhes as bem aventuranças celestes.
Cristo ensina que a felicidade, não pode nascer das posses efêmeras que se transferem de mão em mão, e sim da caridade e do entendimento, da modéstia e do trabalho, da tolerância e do perdão. Afirma-lhes que a Casa de Deus está construída por muitas moradas, nos mundos que enxameiam o firmamento, e que o homem deve nascer de novo para progredir na direção da sabedoria divina. Proclama que a morte não existe e que a criação é beleza e segurança, alegria e vitória em plena imortalidade.

"Da água surgiu a vida, de um curso d'água nasce uma civilização"

Fonte: www.agua.bio.br
Água na História
O homem primitivo facilmente terá reconhecido a sua forte dependência da água: primeiramente, para lhe matar a sede e, depois, para a utilizar na manufactura de produtos, utensílios e construções que lhe eram essenciais.
Sentiu também como o ambiente lhe poderia ser adverso em consequência de secas ou de inundações devastadoras. Não estando apto a aprofundar os conhecimentos sobre aqueles fenómenos, cedo terá passado a associar a água ao sobrenatural.
As sociedades primitivas terão escolhido, preferencialmente para se estabelecer, as proximidades de rios, que lhes facultavam água, alimentos e até defesa natural. Além disso, os rios proporcionavam vias privilegiadas de penetração em territórios a explorar.
Civilizações das mais adiantadas da Antiguidade floresceram nas planícies dos grandes rios: Amarelo, Tigre, Eufrates, Nilo e Indo. Nestas sociedades a água era amplamente usada para a rega, constituindo a produção agrícola o factor principal de desenvolvimento.
Outras civilizações sediadas em regiões sem rios de água abundante também basearam o seu desenvolvimento na água, sendo, porém, esta conseguida à custa de esforços monumentais. É o caso dos qanats no Irão, galerias de cerca de 0,70 m de largura e 1,00 m de altura, com desenvolvimento que atinge 70 km, utilizados desde o século V a.C. para captar água subterrânea. O comprimento total dos qanats do Irão excede a distância da Terra à Lua e o caudal total por eles captado é ainda na actualidade de 700 m3/s. O trabalho na sua construção é comparável ao das pirâmides no Egipto, mas sem o esplendor destas por se tratar de obras subterrâneas. A água, que era importante na vida destas sociedades, passou a estar omnipresente nas mitologias, associada a deuses e a divindades, e inspirou numerosas lendas.
O dilúvio
O dilúvio aparece descrito com muitos aspectos comuns nas civilizações hebraica, grega, hindu, babilónia e inca.
As cosmogenias bíblica, babilónicas e fenícia explicam a nascença dos seres vivos pela acção da água e do vento.
Filósofos da Antiguidade Grega consideravam o Mundo originado a partir do Caos, constituído por quatro elementos fundamentais: água, terra, ar e fogo. Virgílio admitia que a água estava na origem de tudo: terra, homens e deuses.
Em ritos de religiões actuais a água aparece como agente purificador. Ainda no campo do abstracto, a água tem sido um tema rico para a Arte - pintura, musica e dança - e para a Literatura.
O Homem, desde há milénios, adopta medidas para utilizar a água e dominar os efeitos da sua ocorrência em excesso. Capta a água subterrânea em poços e minas e a água superficial nos rios, lagos naturais e albufeiras criadas por barragens, que asseguram a regularização do caudal.
Há muito que utiliza albufeiras também para dominar as cheias e criar, por deposição de sedimentos, solos aptos para cultura. A primeira grande barragem conhecida é a de El-Kafara, próximo do Cairo, construída há cerca de 4800 anos e precedida por varias pequenas barragens.
Para defesa contra inundações tem o Homem construído diques, e, para transporte da água, canais, aquedutos, túneis e condutas. Para elevar a água a ser utilizada ou para a retirar de zonas baixas, onde se acumulava causando prejuízos, construiu utensílios e máquinas hidráulicas.
Um dos primeiros utensílios terá sido um balde ligado a uma corda, mais tarde suspenso de um gancho e, depois, de uma roldana, por ser mais fácil exercer forca em sentido descendente do que no sentido ascendente. A picota (ou cegonha) ainda se encontra disseminada nos nossos campos.
Desde a Antiguidade Clássica, se utilizaram máquinas de elevação de água, como o parafuso de Arquimedes, a bomba de dois cilindros de Ctesibios, rodas de água (movidas por homens ou pela própria corrente de água), noras e sarilhos.
forca motriz de origem hidráulica captada em rodas hidráulicas
A forca motriz de origem hidráulica captada em rodas hidráulicas foi já usada para a moagem de cereais na Antiguidade Clássica, mas raramente.
Na Idade Media, as condições sociais e económicas determinaram a tendência para substituir o trabalho manual por máquinas accionadas pela água.
Nos séculos X e XI expandiu-se a utilização da roda hidráulica (vertical - a azenha - e horizontal - o rodízio). No século XIII, rodas hidráulicas funcionavam em toda a Europa e a sua utilização tinha-se ampliado para o esmagamento da azeitona e de sementes várias, para o apisoamento de fibras, tecidos, minérios e pecas metálicas e para o accionamento de foles de fornalhas. Há analogias entre este período e o da revolução industrial.
Nos séculos XIX e XX, com o desenvolvimento científico e tecnológico, o Homem passou a dispor de materiais, equipamentos e técnicas que lhe permitiram construir sistemas mais eficazes para a utilização e o domínio de grandes caudais.
equipamentos hidráulicos eficientes
A construção metálica, primeiramente de ferro fundido e depois de aço, permitiu obter equipamentos hidráulicos eficientes e condutas de grandes diâmetros capazes de resistir a pressões elevadas.
As turbinas hidráulicas e as bombas rotativas vulgarizaram-se na primeira metade do presente século, ao que esteve associado o desenvolvimento das tecnologias eléctricas. A produção de energia hidroeléctrica sofreu grande expansão, tendo contribuído para o desenvolvimento industrial de muitos países. O betão armado, difundido no início deste século, veio aligeirar e facilitar a construção de estruturas hidráulicas.
Fonte: snirh.inag.pt

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